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“O que os alunos querem para o futuro?”

Enviado por on 18 de março de 2007 – 0:00nenhum comentário

Leia boletim completo sobre o tema.

Com essa questão em mãos, alunas do ensino médio de uma escola estadual paulista foram a campo entrevistar estudantes das redes pública e privada  Deise da Silva Batista, 22 anos, quer fazer Letras no próximo ano, quando terminar o ensino médio na escola estadual Professor Moacir Campos, localizada na zona leste paulistana. Sua colega Naila Ribeiro, 18 anos, quer cursar relações públicas, “sonho em realizar eventos”, diz. Também da mesma escola, Michele Pereira, 16 anos, pretende fazer psicologia e Juliane Pereira, 16 anos, depois de muito pensar, escolheu ser juíza.

Para descobrir o que pensavam seus colegas a respeito do futuro, decidiram fazer uma pesquisa que batizaram de “O que os jovens esperam para o futuro”. Realizado no ano passado, o trabalho é parte do projeto Nossa Pesquisa Sua Opinião (NEPSO), promovido pela Ação Educativa e pelo Instituto Paulo Montenegro com objetivo de disseminar o uso da pesquisa de opinião como estratégia pedagógica em escolas da rede pública.

Além de entrevistar seus colegas de classe e de escola, as alunas decidiram também conversar com alunos e alunas de uma escola privada da capital paulista, a Sagrado Coração de Jesus. A curiosidade, nesse caso, era saber se havia diferença entre os dois grupos. Reunidas no debate “Educação e Exclusão no Brasil” , promovido pelo Observatório da Educação da Ação Educativa no último dia 27 de março, contam como foi a experiência.

O que vocês queriam saber com essa pesquisa?

(Deise) A pesquisa era para saber o que queríamos do futuro, o que as pessoas queriam fazer. Daí entrevistamos alunos do segundo ano do ensino médio na nossa escola e também na Sagrado Coração de Jesus para comparar.

 

Quando vocês foram visitar a particular, notaram diferenças? Quais?

(Michele) Sim, tinham diferenças. Bom, uma coisa interessante é que todo mundo usa uniforme, da faxineira até a diretora. Aliás, a diretora recebeu a gente muito bem e os alunos também. Hum… percebi que o prédio era um pouco diferente. Os alunos têm mais respeito pela escola, prestam atenção no que o professor está falando, não escrevem na parede. O pátio é limpo. Não sei se é porque a escola é religiosa … mas tinha até jornalzinho. Ah, é mais limpa também.

 

Na pesquisa que fizeram, existem muitas diferenças em relação à orientação profissional, escolha de profissões, futuro?

(Michele) Uma diferença que eu percebi na escola particular é que os alunos estudam e estão ali por causa dos pais, que querem que o filho faça faculdade como eles fizeram, porque um dia tudo que os pais têm será deles. Mas você vê… perguntamos se eles sabiam de algum desse programas que auxiliam na entrada da faculdade e um menino nem sabia que existia o Enem. Tem Internet, isso e aquilo e nem sabia do Enem. Na escola pública precisamos correr atrás disso… Já nas particulares, como o pai paga, ele nem precisa de bolsa, de nada… Nas nossas públicas os pais querem que os filhos estudem pra não precisar tomar conta de criança nem lavar banheiro…

 

Vocês perguntaram também sobre os motivos que os levaram a fazer uma faculdade…

(Deise) Sim, na particular, a maioria era pra entrar no mercado de trabalho (56%), depois para ter uma profissão que ele mesmo queria escolher (29%) e em terceiro pra adquirir conhecimento (13%). Já na pública também saiu para mercado de trabalho em primeiro, mas menos que na particular (40%), depois para ter uma profissão (30%) e depois para adquirir mais conhecimento (10%). E nós até estranhamos isso na escola pública, de ter uma profissão e adquirir conhecimento, porque são nossos colegas e sabemos que normalmente escolhem a profissão pensando em quanto vão ganhar, querem começar a trabalhar para ter uma vida mais sossegada.


Perguntaram se é mais fácil entrar quem está na pública ou na particular?

(Michele) Perguntamos “você acha que a aprendizagem na escola pública dificulta a entrada na faculdade?” e, na escola particular, 38% responderam que sim, pois o ensino é fraco, e 46% disseram que não, pois depende de cada pessoa. Mas eles não estudam em escola pública pra saber disso, poderiam não ter respondido. Já na escola pública mesmo, 49% dos alunos disseram que sim, fica mais difícil pois o ensino é mais fraco.

 

E quanto às profissões?

(Juliana) Na escola particular havia uma variedade maior de profissões, tinham até profissões mais desconhecidas, como artes plásticas. Na pública eram aquelas mais conhecidas, como advogado, médico etc..

 

Será que falta chegar informação?

(Naila) Acho que sim.

(Michele) Acho que não. Os alunos têm de ir atrás.

(Naila) Mas acho que falta chegar informação até a escola pública. A informação até chega à escola, mas não até as mãos do aluno. Às vezes não recebemos nem a divulgação dos vestibulares…

 

E outros tipos de informação, como sobre projetos, o Prouni por exemplo, estão chegando?

(todas) Não.

 

Sobre a infra-estrutura, como biblioteca, sala de informática… é muito diferente?

(Michele) Nós não fomos conhecer. Na verdade nós temos na nossa escola biblioteca e sala de informática, o problema é que não podemos usar os computadores.

 

Como assim? Por quê?

(Naila) Tem uns 20 computadores, mas a gente nunca entra. A gente pede para o diretor e ele diz que só podemos entrar se for acompanhadas de professores. Mas os professores dizem “não vou me responsabilizar pelos alunos, vai que quebram”.

Também participaram da pesquisa Amanda Rodrigues de Faria e Renata da Silva Almeida, que não participaram do debate e da entrevista.

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