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Artigo: Folha de S. Paulo defende política do governador Serra

Enviado por on 12 de fevereiro de 2010 – 18:06nenhum comentário

Por Regina Oshiro*, professora de História da rede estadual de ensino de São Paulo

O jornal Folha de S.Paulo, no dia 2 de fevereiro, publicou editorial defendendo que a combinação avaliação de professoras/as e premiação por resultados é a receita para a melhoria da qualidade da educação no País. O editorial diz que a observação “de dentro da escola” é a melhor forma de identificar problemas, indicando que eles se resumem ao trabalho docente, mas reconhece, timidamente, que há várias soluções que estão fora da escola.

O texto trata genericamente da conjuntura educacional, mas a intenção primeira é defender a política do governo Serra que instituiu uma avaliação para “premiar” professores titulares e não titulares da rede estadual, de acordo com o seu desempenho em provas anuais.

Como professora da rede desde 1987, já tendo passado por inúmeras medidas governamentais, que nem sempre redundaram em benefícios para a educação pública, não tenho como concordar com essa política e outras sugestões apresentadas pela Folha de S. Paulo.

Essa prova do mérito é discriminatória e injusta, pois poderá “beneficiar” apenas até 20% dos professores em condições de participar desse concurso, desde que haja disponibilidade orçamentária, um “detalhe” quase nunca mencionado. Consequentemente 80% da categoria ficará alijada dessa “premiação”.

É uma política que instaura uma competição entre os professores no lugar de promover cooperação e integração entre os docentes, já que educar é um trabalho que se faz coletivamente.

A última administração tucana tem se preocupado mais em culpabilizar os docentes pelas mazelas da educação do que em proporcionar uma política de formação permanente, o que significa repensar e articular a formação inicial, continuada e em serviço.

Burocracia e problemas de gestão não são exclusividades de escolas. Maior poder para o gestor em contratar e demitir docentes? Há projetos, como o Escola da Família e Escolas de Tempo Integral** , entre outros, nos quais os gestores têm maior autonomia para contratar. A questão é como conciliar critérios objetivos que resvalam em subjetividades diversas. Confiamos em nossa cultura política, que nem sempre trata a coisa pública com o cuidado que deveríamos ter?

Nesse sentido o concurso público é a melhor forma de ingresso no serviço público. Também, é preciso construir gestões democráticas nas escolas e não centralizar poder na figura do diretor ou diretora.

O magistério necessita de uma política de valorização do seu trabalho e isso significa salário digno e melhores condições de trabalho para todos, como, por exemplo, limite do número de alunos por sala e turmas/por professores. Na conjuntura atual temos professores com 33 turmas, cuja disciplina tem uma aula semanal. Calculem a quantidade de alunos!

Precisamos de um plano de carreira que incentive a nossa permanência, atraia novos profissionais e que demonstre, na prática, que educação como prioridade se faz com investimentos, bem distante da lógica de pensá-la como custo e mero discurso.

*Este artigo faz parte de uma iniciativa da Campanha Fala Educador, Fala Educadora! que busca dar voz ao professorado, por meio da publicação de artigos, opiniões e reflexões sobre o cotidiano escolar e o ofício docente. Se você é professor(a) e deseja participar enviando um texto, escreva para observatorio@acaoeducativa.org

**As oficinas das Escolas de Tempo Integral serão atribuídas em 2010 no processo regular e não mais como projeto de pasta.

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