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Após um ano de aprovação do Plano Estadual do RJ, secretário anuncia novo programa de educação

Enviado por on 27 de janeiro de 2011 – 17:28nenhum comentário

Chamado de Programa de Educação do Estado – e apelidado de “choque na educação” pela administração – o documento possui metas para os próximos 12 anos, a maioria delas baseada na premiação ou punição de professores e diretores com base em avaliações de desempenho.

Se os diretores, por exemplo, obtiverem desempenho “insatisfatório” por dois anos consecutivos nas avaliações da secretaria estadual de educação (Seeduc), poderão ser exonerados. O principal objetivo do programa, segundo a secretaria, é a melhora da nota da rede estadual fluminense no Ideb, saltando da antepenúltima posição em 2009 para a quinta no ranking de 2013 (leia mais sobre o sistema aqui).

Professores universitários, políticos e pessoas envolvidas na elaboração e aprovação do Plano Estadual, transformado em lei no final de 2009, criticam o caráter “meritocrático” e “economicista” das novas medidas. Também recebeu críticas o fato de a secretaria não relacionar os dois planos claramente, reforçando a descontinuidade das políticas públicas educacionais. “Em oito anos como deputado, eu convivi com seis secretários na educação”, afirma o deputado Comte Bittencourt (PPS), atual presidente da comissão de educação da Assembleia Estadual do Rio de Janeiro (Alerj).

 

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No dia 11 de janeiro, quatro professores de universidades públicas do Rio de Janeiro publicaram um artigo em que criticam a nova estratégia do governo fluminense. Gaudêncio Frigotto, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é um dos autores. Em entrevista ao Observatório, ele avalia que o plano possui objetivos “imediatistas”. “São metas que dão a entender que o problema da educação vai ser resolvido com força de vontade, com medidas mirabolantes”. Para Frigotto, o governo deve focar-se primeiro nas condições de trabalho dos professores. “Se eu tenho tempo [para preparar a aula] e um bom salário, o poder público tem o dever de cobrar”.

O aumento do salário-base dos professores e a obrigatoriedade de uma formação continuada já são metas do PEE (consulte aqui o plano e a lei 5.597/2009, que o regulamentou). Com diretrizes para as políticas públicas de educação do estado nos próximos dez anos, a lei que estabelece o plano possui mais de 300 metas, sendo que cerca de metade delas tem um prazo definido.

De acordo com a professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Bertha do Valle, que participou da elaboração do PEE desde 2001, a definição de prazos objetivos foi uma recomendação do Ministério Público Estadual (MPE), para que as metas pudessem ser cobradas na Justiça. No fim do ano passado, a Promotoria de Educação abriu um inquérito para investigar o andamento de uma das metas contidas no Plano – o tópico 27 do item 1.1 da lei, que determina que, até o fim de 2011, o estado tem que estabelecer os padrões necessários de infraestrutura para as escolas da rede.

Foi durante a administração Garotinho, em 2001, que a professora Bertha começou a se envolver na formulação do plano. Ano após ano, com mudanças frequentes no comando da secretaria de educação – mesmo dentro de um mesmo mandato -, ela relata que o Plano teve o seu processo interrompido e reiniciado até 2007, quando o Ministério Público, acionado pela comissão de educação da Alerj, pressionou o poder executivo para que o Plano fosse elaborado. Após algumas audiências públicas, a secretaria de educação enviou o projeto de lei para a Casa Civil do governo estadual. O documento empacou no órgão até 2009, quando o MPE novamente interviu e exigiu a entrega em até seis meses do projeto de lei para a Assembleia. O processo só se encerrou em dezembro de 2009, com a transformação do projeto do Plano Estadual em lei.

Omissão

Há pouco mais de três meses no comando da secretaria de Educação, o economista Wilson Risolia não citou o Plano Estadual em suas declarações à imprensa neste início de ano. Bertha do Valle afirma que há o receio de que o plano seja deixado de lado pela atual administração. “A minha esperança é de que a comissão legislativa cobre o governo. O [deputado estadual Marcelo] Freixo continua, o [deputado estadual] Paulo Ramos continua. Todos os membros são muito atuantes, e o MP vai começar a cobrar a realização das metas”.

Presidente da Comissão de Educação da Alerj, o deputado Comte Bittencourt considera “lamentável” o fato de o secretário não citar o Plano Estadual de Educação em suas declarações. “Boa parte das metas para 2010 não foram tratadas pelo poder Executivo. O governo terá de se justificar”.

Consultada pelo Observatório, a Seeduc informou que o Plano Estadual foi levado em consideração para a criação do programa. “A primeira pesquisa para a elaboração do Programa [de Educação do Estado] foi feita em relação ao PEE [Plano Estadual de Educação]”, diz a secretaria, por meio de nota. O texto diz, ainda, que o Plano está sendo implementado no estado, mas não especifica quais foram as metas cumpridas.

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