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Governos anunciam compras de tablets sem detalhar política pedagógica

Enviado por on 17 de fevereiro de 2012 – 16:52nenhum comentário

Enquanto as secretarias de educação e o MEC anunciam compras de tablets para uso em sala de aula, as editoras se organizam para disputar o mercado de material didático para esse tipo de suporte. Os conteúdos digitais já foram incluídos no Programa Nacional do Livro Didático para 2014 (PNDL 2014). Até 1º de maio deste ano, as editoras devem pré-inscrever suas obras didáticas e, de forma complementar, objetos educacionais digitais a serem distribuídos junto com as obras impressas.

Antes da abertura desse edital, foi notícia no ano passado que sete grandes editoras brasileiras estudam adaptar conteúdos didáticos para tablets. A lucratividade do negócio ainda é uma incógnita, segundo a matéria do Brasil Econômico, pois os livros gerariam mais lucro para essas empresas do que os conteúdos digitais.

Mas outras empresas faturarão com a mudança, as de Tecnologias da Informação. “Por trás de toda e qualquer compra estatal, não só equipamentos, livros, alimentos, uniforme, construções escolares, toda e qualquer tem sempre interesses e jogos. Por trás dos tablets, alimentos, livros, etc, tem empresas que querem a realização dos seus lucros”, afirmou o professor Rubens Barbosa, professor da Faculdade de Educação da USP, que estuda financiamento da educação.

Michelle Prazeres, também da FE-USP, acredita que é um problema o Estado comprar tecnologia por meio de parcerias público privadas (PPPs). Nesta semana, foi notícia que o secretário de educação de São Paulo – Herman Voorwald – anunciou uma PPP de 5,5 bilhões para investimento que inlcui compra de tablets.

“Quando você pega parceria com empresas de comunicação, por exemplo, elas não estão só oferecendo tecnologia, elas estão formando consumidores para os produtos dela”, problematizou Michelle, sobre uma das consequências de tais parcerias. “Porque você vai usar Microsoft ao invés de software livre? Essas tecnologias não são neutras”.

O professor Rubens também é contra PPP’s, algo que sintetizou como transferência de recurso público para o setor privado.

 

Fala educadora!

Anne Maiztegui Rossini, professora de educação infantil e estudante de Pedagogia, avalia que o tablet não é a melhor opção para preparação de material pedagógico e uso em sala de aula – ela prefere usar um notebook para atividades de ensino. Também formada em desenvolvimento de software, ela elenca uma série de desvantagens do tablet para esse fim.

“Ele é interessante para usar a internet, em viagens, porque é portátil. Mas para a sala de aula, não usaria. Muitos desses aparelhos não possuem saída para projetor e não têm opção de leitura de CDs e DVDs, fazendo com que o professor tenha que ter um computador para passar o conteúdo para o tablet”. Além disso, lembra, dependendo da qualidade da marca escolhida, ele pode deixar de funcionar em pouco tempo.

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